quarta-feira, março 29, 2006

I LOVE AMERICA

Como toda a gente sabe, não sou grande fã da Gringalhada, no entanto, reconheço que a vida aqui, em terras do Uncle Sam, tem grandes vantagens, nomeadamente no campo da saúde, e é disso que tratará este Post.
A Mariana foi operada há mais ou menos um mês, à garganta, pequena cirurgia corriqueira, mas que não deixa de ser dolorosa, sobretudo qdo já não se está na 1ª infancia.
Não fora estar ralada c/ as dores e desconforto que sabia que ela iria sentir, ter-me-ia divertido à grande durante os preparativos p/ a operação. Passo a explicar: Depois de ter respondido a um questionário interminável, e ter assinado não sei qtos papeis dizendo que estava de acordo c/ o procedimento operatório que lhe iria ser feito, pois, como é sabido, os Estados Unidos são conhecidos pelos processos judiciais feitos a médicos e hospitais, e Maryland ganha a palma a todos. De tal maneira, que mtos médicos preferem exercer na vizinha Virginia, onde o pessoal é mais tranquilo, e c/ menos tendencia a processar. A coisa é de tal maneira má, que é frequente ver-se nos carros, stickers c/ os dizeres “Keep your doctor in Maryland. Fomos, Mariana e eu, p/ uma sala no bloco operatório, onde depois de se despir, e vestir a bata, a touca, e os chinelos regulamentares, chegaram os médicos, o que a operou, e que é o que a tem seguido, a anestesista, e duas enfermeiras. Senti-me autenticamente como se estivera num episódio destas séries de médicos americanas, mais exactamente, no “Grey’s anatomy”, (não sei se passa aí) e que dão ideia que nos hospitais há mais médicos que doentes, que eles não têm nada de melhor a fazer que conversar c/ os doentes e familiares, que eles é que fazem tudo, e os enfermeiros só servem p/ empurrar macas. (E mesmo assim).
A anestesista, enquanto fazia a perfusão à Mariana, tagarelava s/ parar, dizendo coisas do género: "you’re so cute, Mariana, you're going to be the next american top model" (hah!) e p/ um médico que por ali passou: “ó doctor Não-sei-quantos, já viste esta menina, c/ a face of an angel?” E o outro, e isso é que mais me espantou, entrou na sala, que já estava crowded c/ as 2 enfermeiras e os 2 médicos, e p/ ali ficou, tb à conversa. Entretanto, o angel em questão, que em situações normais tem dificuldade em gerir piropos que lhe são directamente dirigidos, estava tão preocupada e c/ tanto medo, pois, graças aos copains e copines do colégio, mas sobretudo à Internet, onde ela tinha feito uma certa pesquisa sobre o pós-operatório, estava mais que ciente que não ia ser fácil qdo despertasse da anestesia. Pelo menos o seu receio, poupou-lhe o embaraço que sempre sente qdo alguém a elogia.
Às tantas, no meio deste happening social , a Mariana lançou um “I’m scaaaared”, e largou a chorar, coisa que ela morre de vergonha de fazer em publico, e que provocou um atropelo geral, c/ médicos e enfermeiras num movimento simultaneo a fazerem-lhe festinhas na cabeça, nas mãos, a dizerem-lhe “ please,don’t be scared, sweetie, you’re going to be alright” e outras coisas do mesmo teor. Para ali ficámos, c/ os médicos pacientemente à espera que ela acalmasse, e só a levaram p/ a sala de operações, qdo a Mariana disse que estava pronta.
À noite, e à conversa ao telefone c/ uma amiga portuguesa que aqui vive, ela contou-me que tb tinha sido operada em pequena, ela e o irmão, e que se pegaram à pancada no hospital, pois ambos queriam ir primeiro, por acharem que devia ser um programa divertido, e foi só à força de chapadas que a mãe deles conseguiu separá-los, sendo que foi o irmão o 1º a ir. A minha amiga, qdo chegou a vez dela, e viu o irmão a saír da sala, cambaleante e verde, e os restos mortais das amigdalas num balde todo ensanguentado, atirou-se p/ o chão aos gritos, resultando que levou mais 2 estalos da mãe, p/ a acalmar.
Outros tempos, outros métodos, e parece-me a mim que por vezes eram bem mais eficazes que os actuais. O problema hoje em dia, ou pelo menos o meu problema, é dar às minhas filhas “mixed messages”. Quantas vezes dou por mim a pensar que “antigamente é que era bom”, mas no entanto, não consigo agir como provávelmente eles, os da geração acima de nós, agiam. Os pais não tinham problemas de consciencia, não se interrogavam o tempo todo se estavam a fazer bem ou mal, e qdo achavam necessário passar à acção, passavam s/ o menor dos remorsos. Eu, qdo se trata de educar, é como se estivesse numa espécie de Limbo, sou por vezes incapaz de actuar c/ dureza, ou firmeza, se quiserem, e compenso c/ uma gritaria que não leva a nada, ou melhor, traz como consequencia elas habituarem-se aos meus gritos e não me levarem mto a sério. Falta-me coerencia, é o que é. É também o que falta a este parágrafo, mas não o vou apagar, e vai assim mesmo, pois tão pouco me apetece alongar-me sobre o assunto.
Voltando à minha doentinha, a operação lá se fez, o médico explicou a seguir o que tinha feito, extracção das amigdalas, curetagem dos (das?) adenoides, limpeza geral de umas porcarias, que eu, à falta de melhor, e até ao médico explicar o que era, chamava-lhe “white stuff”, que é uma coisa nojenta, bactérias que se tornam sólidas, compostas de tecidos mortos, e outras coisas que não interessam p/ nada, e que são indicativos de infecções crónicas. Estávamos no Meco qdo a Mariana enfiou as mãos à goela, e sacou uma dessas coisas. Fiquei p/ morrer, assustadissima, não me parecendo nada normal ter bolas de porcaria na garganta. O Miguel disse-me que às vezes tb tinha, o que n/ por isso me deixou descansada, por isso, logo que voltámos p/ cá, marquei consulta c/ este médico que todos gostamos imenso. O Miguel tb já lá foi, p/ tratar a sua sinusite crónica. É mto simpático, tem bom aspecto, é bem disposto, faz imensa conversa, e sobretudo, é competente . “Descobri-o” na Internet, no site do seguro de saúde, o que é mto prático, pois tem montes de informação sobre os curriculum do médicos, as universidades que frequentaram, os anos em que se formaram, etc.
Este vem de Harvard, o que me pareceu uma boa referencia, e o consultório é bastante perto de casa.
Bem, p/ encurtar isto, que já vai longo; a Mariana acordou da anestesia, tal como previsto cheia de dores, fiquei c/ ela umas 2 ou 3 horas no recobro, e depois trouxe-a p/ casa. As primeiras horas, apesar das dores, lá ia dormitando, graças à anestesia, mas depois, n/ c/ os “pain killers” poderosos que o médico receitou, ela melhorava, de modos que, quando o médico ligou, pois aqui não é o doente que telefona, mas sim o médico, e 2 vezes por dia, disse-lhe que a Mariana estava aflita c/ dores, e que os remédios que ele tinha dado, eram de pouco efeito. Perguntou-me então se me daria jeito (imagine-se) passar pelo consultório p/ me dar uma receita de um remédio mais forte. Normalmente o médico pergunta ao doente p/ onde é que ele quer que a receita seja mandada. A 1ª vez que me perguntou isto, fiquei c/ cara de parva, s/ perceber o que raio é que ele queria dizer, mas é um sistema do melhor; fala-se p/ o médico, diz-se que estamos a precisar de certo remédio, e ele, ou alguém do seu consultório, fala p/ a farmácia que o doente deseja, e depois é só passar por lá, e pick-up a receita. Prático, não é?
No caso deste remédio que ele receitou p/ as dores, não era possivel, pois continha opiatos, portanto tive que ir ao consultório buscar a receita, mas estive vai- não- vai p/ dizer-lhe que não senhora, não me dava jeito ir até lá, p/ ver o que é que ele faria. Será que arranjaria maneira de trazer-me a casa a dita da receita?
O certo é que a partir do momento em que começou a tomar o remédio, a Mariana melhorou imenso, passava metade do dia a dormitar, pois aquilo dava-lhe uma pedrada valente, mas abençoado remédio, e abençoado médico.
E com esta me vou.

Mais uma coisinha: Claro que sei que o medo aos processos judiciais, há-de concerteza contribuir p/ que hospitais e médicos sejam tão atenciosos. Seja como for, é tranquilizador saber que após uma operação, o médico responsável continua a prestar cuidados ao doente, seja ela grande ou pequena.

quarta-feira, março 08, 2006

PROVINCETOWN

OManel Andrade e Sousa, c/ cara de quem já está a sofrer de ir deixar de ver a Catarina no seu jardim.
Já agora, deixem-me contar-lhes que o Manel é o melhor dos anfitriões, e que tenho a maior das penas de estarmos relativamente longe. Lembro-me quando, recém-chegados à América, e eu contrariada, a achar que isto não tinha nada a ver comigo, fomos passar os feriados de Thanksgiving, (5 dias) a casa do Manel, e foi óptimo, uma terapia, um nonstop de riso, de boa disposição, de boa onda.





Achei que, à falta de assuntos interessantes, iria encher o blog c/ fotografias artisticas do Miguel, mas vou ter que esperar que ele volte de Portugal, (sim, está aí, em trabalho) pois as mais giras estão no computador portátil, que está c/ ele.
Seguimos então c/ a série "Provincetown" , c/ um belissimo rabo de baleia, que as vimos aos montes, de volta do barco cujo nome era "The Portuguese Princess ", aos saltos, aos pares, a cuspirem água pelo buraco, a roçarem-se pelo barco, a abrir a boca, a mergulhar, e finalmente a irem embora, a seguirem caminho sabe-se lá para onde.
Secalhar p/ o barco de turistas mais próximo.
Gostei imenso, achei girissimo, e comovente. Que querem, não mandamos nas emoções. Cá p/ mim, é bem mais ridiculo quem se comove c/ o hino nacional nos jogos de futebol.

Bem, já percebi que nestas coisas de blog, não é nada fácil coordenar a foto c/ a legenda. Ou então alguma coisa fiz de errado, mas, como isto é p/ divertir-me, e não um exercicio rigoroso em que tenho que ter cuidado p/ não fazer asneiras, quero lá saber!!

A 3a foto desta série, foi tirada aqui, durante o Outono, que, como toda a gente já sabe por estarem fartos de ouvir-me, é lindo, espectacular.

UMA RAINHA E 2 PRINCESAS

Isto começa bem. Escrevi uma nota introdutória que como o nome indica, era p/ começar o blog c/ ela. Entretanto fui fazendo outras coisas, e voltei há pouco, p/ postar mais fotografias c/ comentários, que como se pode ver, por serem mais recentes, estão "cá" em cima, em vez de estarem depois da introdução que ficou "lá" p/ baixo. Enfim, não faz mal, pois estrear o blog c/ uma bela foto da minha amiga Inês e minha, parece-me a melhor das maneiras.






A Inês e eu, c/ a Catarina ainda desembrulhada.

LENHADOR



Minto, estava eu a dizer que não havia foto do Miguel, quando descobri esta, tirada em casa do Manel Andrade e Sousa, em Provincetown c/ a estátua da D. Catarina já embrulhada, pronta a seguir o destino que o Manel resolveu dar à sua enorme colecção sobre esta rainha.

A camisa que o Miguel tem vestida, é a sua "camisa de lenhador", como ela é conhecida entre nós, e detestada pelas meninas, que têm vergonha de ver o Miguel a usá-la, mas não há nada a fazer; ele adora-a. "Onde está a minha camisa de lenhador", pergunta ele todos os sábados de manhã, caso ela não esteja arrumada no armário. Andou a namorar uma outra, do mesmo género, em verde, mas eu não deixei. Uma é suficiente em qualquer guarda-roupa.

POST-IT

Todas as manhãs, depois de deixar a Luisa e Mariana no colégio, sento-me diante do computador, e aqui passo uma boa hora, a escrever, a falar no skype, ou a ver qualquer coisa que me interesse. Hoje, estava quase a ir-me embora, quando me veio à cabeça fazer um blog meu, E, como se costuma dizer, meu dito, meu feito, cá está ele, mais um a congestionar o ciberespaço, comigo s/ saber muito bem o que fazer dele. Diverti-me a dar-lhe um nome, pensei em vários, mas decidi-me pelo 1º que me lembrei; Post-it. Achei giro, simples e apropriado, e surpreendentemente, disponivel. Ainda pensei em fazer um “jeux de mots”, tipo: “a-Post-ar”, mas já enjoa a mania de fazer trocadilhos em Portugal. A sério, já repararam na data de titulos de artigos, crónicas, emails publicados, e sei lá mais o quê, cujos titulos são jogos de palavras? Voltando ao blog, já “postei” umas fotografias, nenhuma delas muito recente, mas foi o que consegui arranjar, porque das meninas, cada vez há menos, e as poucas que agora temos, é à custa de súplicas, ou então de ameaças, que sempre dão melhores resultados. Minhas também não há muitas, mas do Miguel não há nenhuma, pois ele é o homem por detrás da camara. “Postei” (tá bonito, já estou a ver as criticas de alguns, dizendo que já não sei falar, mas qual é o verbo a empregar; “pôr”, “inserir”? Cá fico à espera que me corrijam) algumas artisticas, que essas sim, são abundantes, que o Miguel de vez em qdo levanta-se c/ as galinhas, e vai por aí, à cata de temas p/ fotografar.
Não sei como acabar. Isto não é uma carta, ou mail, onde termine c/ um “beijinhos p/ todos”.
Bem, adeus, enjoy the photos